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VANDERLEI CORDEIRO DE LIMA

O herói da maratona de Atenas condecorado pelo COI


Assessoria de Comunicação

Vanderlei Cordeiro do Lima

Data e local de nascimento: 11/8/1969, Cruzeiro D'Oeste (PR)

Prova: Maratona

Principais conquistas: Medalha de bronze na maratona nos Jogos Olímpicos de Atenas-2004medalha de mérito Pierre de Coubertain, maior condecoração concedida pelo COI

 

Vanderlei Cordeiro de Lima ganhou uma medalha de bronze na maratona nos Jogos Olímpicos de Atenas-2004, Grécia, para o atletismo brasileiro em 29 de agosto de 2004, último dia de competições. O pódio veio acompanhado das glórias de receber também a exclusiva medalha Pierre de Coubertain, a maior condecoração de cunho humanitária-esportiva concedida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), e de ser o personagem principal na abertura da Olimpíada do Rio ao acender a pira olímpica no Maracanã.

Vanderlei ganhou também um lugar de honra entre os heróis olímpicos pelas circunstâncias que enfrentou em Atenas. O brasileiro liderava a maratona com 40 segundos de vantagem e já estava no km 36,5 quando foi vítima de um manifestante irlandês que, vindo do público, de surpresa, invadiu a prova, agarrou e empurrou Vanderlei, num deslocamento lateral por metros que o tirou do percurso. Ajudado a se desvencilhar do agressor por um popular, o grego Polyvios Kossivas, Vanderlei voltou à prova.

É claro que perdeu o ritmo e a concentração, além do susto pela inesperada agressão. Mas não desistiu, correu até o fim e cruzou a linha de chegada no Estádio Panatinaiko (o mesmo da primeira Olimpíada da Era Moderna, em 1896), em 2:12:11. O italiano Stefano Baldini ganhou a medalha de ouro (2:10:55) e o norte-americano Meb Keflezighi (2:11:29), a de prata.

O cenário era a Grécia, justamente o país em que a maratona nasceu sob a inspiração da corrida do soldado Feidípedes, no século V a.C., para anunciar a vitória dos gregos sobre os persas. Vanderlei tinha a vantagem de conhecer o percurso olímpico de quando disputou a Copa do Mundo de Maratona, em 1997, realizada ao mesmo tempo que o Mundial de Atletismo. E estava muito bem para a corrida, pois havia feito sua preparação na altitude de Paipa, na Colômbia, cumprindo o planejamento do treinador Ricardo D'Angelo.

Estava no ápice de sua forma física e vivendo um momento pessoal leve como relembra o treinador. A vitória na Maratona de Hamburgo, Alemanha, como preparação para os Jogos Olímpicos foi o sinal que precisava. Após cinco semanas de treinamento em Paipa e a 5ª colocação na Meia Maratona de Bogotá, Colômbia, a 2.800 m de altitude, o sonho continuava de pé.

Num incrível fair play além de comemorar muito o bronze Vanderlei não menosprezou os resultados dos adversários nem foi contundente em críticas, mesmo sendo vítima. Os organizadores e o Comitê Olímpico Internacional (COI) não revisaram o resultado da maratona, mesmo diante dos pedidos apresentados pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) e pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt).

Vanderlei, porém, foi recompensado com a medalha Pierre de Coubertain, uma honraria esportiva-humanitária destinada a pouquíssimos heróis, concedida pelo COI a atletas e pessoas envolvidas com o esporte que demonstrem alto grau de esportividade e espírito olímpico durante a disputa dos Jogos.

O bronze de Atenas recompensou um atleta de carreira exemplar e a Pierre de Coubertain recompensou o homem pela lição de perdão dada ao mundo.

Vanderlei começou no atletismo aos 16 anos e aos 19 anos já estava na seleção brasileira. Disputou o Mundial Juvenil de Sudbury, Canadá, em 1988 - foi 8º nos 20 km (1:02.55). O fundista tem uma carreira pontuada por histórias incríveis, como sua estreia feita na Maratona de Reims, na França, em 1994. Foi convidado para puxar a prova como coelho até o km 21. Não só cumpriu a sua função como completou os 42.195 m com vitória (2:11:06).

Em 1996, foi o campeão da Maratona de Tóquio (2:08:38). O seu recorde pessoal para os 42,195 km da maratona é de 2:08:31, também estabelecido na Maratona de Tóquio-1998, quando foi o segundo colocado. Vanderlei é bicampeão pan-americano na maratona, com as conquistas em Winnipeg-1999 e Santo Domingo-2003. Disputou três edições de Jogos Olímpicos - Atlanta-1996 (47º) e Sydney-2000 (75º) antes de Atenas-2004 e a consagração no pódio olímpico.

Também integrou a equipe do Brasil que foi medalha de prata na Maratona de Revezamentos em Copenhague, Dinamarca (fez 29:10 para os 10 km que correu). Na Copa do Mundo de Maratona, em 1997, ganhou o bronze com o Brasil juntamente com Luiz Antônio dos Santos e Osmiro Silva - nesta competição ficou conhecendo o percurso de Atenas-2004.

O início - Nasceu em 4 de julho de 1969, mas foi registrado no dia 11 de agosto daquele ano, data em que comemora o seu aniversário. É um dos sete filhos de uma família de lavradores comandada por "Zé Pequeno" - como era conhecido seu pai, José Cordeiro de Lima - e Aurora Maria da Conceição Lima, sua mãe.

Cresceu em Tapira, Paraná, queria ser jogador de futebol - na infância e adolescência tinha o apelido de Bodega entre os amigos -, ajudava a família como boia-fria, colhendo cana-de-açúcar. Ainda menino, voltava correndo e comendo frutas dos pomares da vizinhança, após as aulas no Grupo Escolar São José. Aos 11 anos, na Escola Estadual Castelo Branco, corria em volta da quadra no recreio. Aos 16 anos estava no atletismo.

É padrinho do projeto de formação do Instituto Vanderlei Cordeiro de Lima (IVCL), que funciona com a Orcampi, em Campinas, São Paulo, e de Campo Mourão, no Paraná.